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Etnojornalismo como estratégia de divulgação indígena

A falta de informações e conhecimento por parte das pessoas sobre as populações tradicionais, suas características e identidades tem sido  totalmente estereotipadas e viralizadas em preconceitos. O etnojornalismo é um fenômeno que tem se expandido com a popularização da Internet e dos dispositivos móveis, e tem sido uma forma que os próprios ‘povos’ têm utilizado para divulgar suas próprias informações com a finalidade de dar visibilidade às suas culturas e costumes. E para falar como este fenômeno tem sido pautado nos meios de comunicação, os jornalistas especialistas no assunto; Ana Beatriz Rocha, Dalmo Oliveira, Eduardo Bueno e Iasmim Soares, estarão reunidos numa mesa de debates, mediada por Poran Potiguara, durante o Acampamento Inclusivo, na Aldeia do Tambá, na Baía da Traição no próximo dia 15 de dezembro, a partir da 15 horas.

 

O objetivo deste debate é contribuir para uma definição conceitual sobre o etnojornalismo e promover reflexão sobre a prática jornalística nos meios de comunicação a respeito dos povos indígenas. Nesse sentido, pressupõe-se que é produzido com o protagonismo de indígenas, com a adoção de valores próprios na seleção de temas, fontes e enquadramentos, que são veiculados em mídias livres, como são divulgados pelos meios de comunicação e como promovem essa abertura em suas linhas editoriais.

 

Iasmin Soares que é jornalista e produtora de conteúdo e indígena do povo Kariri da Paraíba enfatizou que considera importante a sua participação neste debate, haja vista ser também indígena e está demarcando espaços e nos meios de comunicação também e atuando nessas áreas. “Para mim a comunicação é a chave e como há esse conceito de etnojornalismo é importante que nós mesmos possamos falamos sobre nós, escrever matérias, produzir vídeos sobre a realidade das nossas comunidades e etnias. Então será essa, entre outras minhas contribuições”.

 

O jornalista Dalmo Oliveira ressaltou que sua experiência em etnojornalismo, foi a partir do rádio, na rádio Tabajara com o programa ‘Alô Comunidade ‘que já está no ar todas as tardes de sábado há doze anos. “A principal iniciativa da minha atividade militante no etnojornalismo que nós usamos como um canal de divulgação não só no mês de dezembro, mais o ano inteiro levando pessoas, militantes, ativistas tanto da causa negra quanto da causa indígena, ou seja a gente dar visibilidade e lugar de espaço e de fala e de divulgação de lideranças, artistas, representantes das minorias, entendendo que a população dos povos originários não é minoritária”.

 

De acordo com Dalmo. “o Alô comunidade é o principal laboratório que a gente usa como etnojornalismo. Além disso temos a rádio web merece um case que é a rádio zumbi que é uma emissora que nós criamos e tem uma programação voltada para a m´sucia negra, índigena , músicas étnicas . É um espaço de exercício de etnojornalismo, tem um blog também da própria rádio. A gente busca fazer uma produção de notícias próprias, exemplificou. Para Dalmo, “o jornalismo, a gente entende que é uma ferramenta de cidadania, tanto na minha prática priofissional cotidiana, até mesmo como assessor de imprensa, a gente atua no jornalismo também entendendo que ferramenta modificadora da realidade e pode ser um despertador dos problemas sociais , das injustiças sociais , do racismo , do preconceito”, finalizou.

 

A jornalista Ana Beatriz Rocha que é repórter da TV Cabo Branco enfatizou que o jornalismo é um serviço público de propagação de informações, propositura de diálogos e questionamento de realidades, é por isso que o debate sobre as questões etnicorraciais precisa existir. Ela destacou que pretende neste debate ampliar a discussão sobre “como os grupos minorizados precisam ser pautados com responsabilidade e olhar atento as mudanças, sem reprodução de violências simbólicas e prezando pela diversidade de vozes que geram transformações necessárias na sociedade”.

 

O etnojornalismo é considerado como um jornalismo alternativo na medida em que adota modos de produção, expressão e distribuição diferentes dos padrões dos meios de comunicação convencionais e dos setores dominantes. É popular e comunitário por ser elaborado de forma participativa e democrática dando voz diretamente aos membros de determinada comunidade. Eduardo Bueno que é mestrando em jornalismo profissional sobre a temática disse que também levará sua contribuição para esta mesa de debates.

 

Iasmin Soares- Diretora audiovisual, jornalista, produtora de conteúdo e indígena do povo Kariri da Paraíba

Dalmo Oliveira da Silva- É graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal da Paraíba (1990) e mestrado em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco (2007).Atualmente é Analista do Centro Nacional de Pesquisa do Algodão da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Tenho experiência na área
de Comunicação, com ênfase em Jornalismo Especializado (Comunitário, Rural, Empresarial, Científico), atuando principalmente nos seguintes temas: jornalismo científico, análise de discurso, Embrapa, divulgação científica,
assessoria de imprensa. Foi coordenador de comunicação da Associação Paraibana de Portadores de Anemias Hereditárias (ASPPAH), diretor de comunicação social da Federação Nacional de Associações de Pessoas com Doença Falciforme (FENAFAL). Fui diretor de Mobilização e Direito Autoral do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Paraíba. Fundador da Radioweb Zumbi e do Fórum Paraibano de Promoção da
Igualdade Racial (FOPPIR). )

Ana Beatriz Rocha -Jornalista formada pela UFPB. Repórter da Tv Cabo Branco e colunista da Rádio CBN, onde provoca discussões sobre direitos humanos e diversidade. Diretora do documentário ‘Afrocantos’, que traz relatos de mulheres negras sobre identidade e autodefinição. Pesquisa raça e gênero, com experiência em diversos projetos independentes na área, refletindo sobre a representação de grupos minorizados na comunicação.

Eduardo Bueno- Maranhense, Jornalista com passagens por afiliadas Globo, SBT e Record. Pesquisador, Mestrando em Comunicação pela UFPB.



 

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